Comigo é assim mesmo...

Na fila do banco, agora há pouco.

"Centsocentas e trinta e seis" pessoas aguardando quase uma hora e meia para chegar aos guichês.
Mais cinco minutos, e um homem à minha frente encontra um amigo, que vai para o último lugar da fila. Passa um tempinho, e esse homem à minha frente chama o amigo.

Ficam de papo.

Depois, o homem que estava à minha frente desde o princípio, diz que não vai mais esperar, e anuncia ao amigo que está indo embora.

E eu ali, olhando e ouvindo.

No lugar em que originalmente estava o homem à minha frente, agora encontra-se o tal do amigo.

Ou seja: assim, como quem não quer nada, o vivente passa por mais de quinze pessoas e se instala.

Sabe quem era a décima-sexta criatura?

Adivinha...



Eu: Com licença meu camarada, mas tu estava onde na fila?

O espertinho: Eu estava ali... — e aponta para o último lugar.

Eu: E por que tu acha que pode passar assim na frente dos outros?

O espertinho: Meu amigo pediu para guardar o lugar dele.

Eu: "Guardar" uma pivica. Eu ouvi ele falar que ia embora e tu aproveitou para furar a fila.

O espertinho: Furei, não. E mesmo se furasse, qual o problema? É só um a mais na frente.

Eu: Sim, meu velho... tem problema, sim. Tu chegou bem depois do teu amigo, estava no fim da fila, passou por todas essas pessoas e agora tá na minha frente. Esse lugar não é teu.

O espertinho: Tudo bem, pode passar. Não é por isso que se precisa ficar irritado.

Eu: Pois é. Ninguém precisaria ficar irritado com nada. É que depois fica bem mais fácil culpar só o governo quando acontece alguma merda nesse país. E me dá licença, faz favor. Que é a minha vez, e não a tua.

Ele voltou para o fim da fila.



Pelo menos hoje, depois de algumas dezenas de anos, me senti um cidadão.


Mais informações, no decorrer do período...