Quando eu falo que o Natal é uma das datas mais incompreensíveis celebradas pela espécie humana, logicamente aparece alguém pra me chamar de ranzinza, ou esquisito.
Mas vem comigo nesse raciocínio, e me diz se eu não tenho razão.
Visualizem um compositor baiano, roubado de seus pais ainda criança, que trabalhou no circo, foi grande amigo de Carmen Miranda e, quando descobriu o samba, não largou mais.
Um cara infeliz, muito infeliz. Triste mesmo.
Em maio de 1941, se jogou do Corcovado.
Porém, o máximo que conseguiu foi a façanha de cair no topo de uma árvore, ser resgatado pelos bombeiros com alguns ossos esculhambados e passar uma puta vergonha.
Tempos depois, o miserável tentou de novo. Arremessou a si próprio de uma janela.
O resultado?
Nada. Uns machucados, e só. Além de outra vergonha.
Até um pouco maior que a primeira, por motivos óbvios, né.
Mais um período, e cortou os pulsos. Nada.
A solução só veio numa caprichada dose de guaraná com formicida.
Na noite de Natal de 1958.

Apesar disso, o coitado aí fez algumas das músicas mais lindas desse país, entre elas "Brasil Pandeiro", que ficou consideravelmente famosa na voz dos Novos Baianos e anos mais tarde numa propaganda da Rider:
"Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor... Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros..."
Mas aí, você deve estar agora se perguntando:
- "Sim, mas e daí? Que diabos eu tenho a ver com a vida desse pulha?"
Simples.
Este rapaz, antes de se matar, teve a "felicidade" de criar uma última canção, chamada "Boas Festas". Não há criatura viva nesse mundo, (exceto os surdos) que não tenha escutado. Principalmente nessa época.
Agora, presta atenção na letra dessa música, e me diz:
tem espírito natalino nisso?
A gente ficou feliz, a rezar
Papai Noel, vê se
você tem
A felicidade pra você me dar.
Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel
Vem assim, felicidade
Eu pensei que fosse
uma
Brincadeira de papel
Já faz tempo que eu
pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então,
felicidade
É brinquedo que não tem.

Essa letra era pra ser bonitinha?
Era pra me deixar feliz?
Era pra agradadar as criancinhas?
Se for, então definitivamente larguei de mão esse tal de Natal...
Um comentário:
Essa é só mais uma das músicas que a gente cresce cantando mas não pára pra fazer uma compreensão do texto. Caso parecido acontece com "Atirei o pau no gato, mas o gato não morreu. Dona Chica admirou-se com o berro que o gato deu". Imagina se isso é coisa pra se cantar pras crianças?
essa música de Natal é realmente a coisa mais deprimente que eu já ouvi! Apesar de concordar!
o negócio é cantar pras criancinhas, já alertando que se ela não ganhar o que pediu é pq Papai Noel morreu! e que não adianta pedir felicidade pq isso não existe!
Choradeira no Natal!
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