domingo, 2 de setembro de 2007

Lembranças...

Quando a gente é criança, geralmente não entende certas coisas que os pais fazem - ou nos proibem de fazer -, principalmente quando se utilizam do clássico "mas é pro seu bem!", para justificar.
- "Ahhh, deixa eu ir jogar bola na chuva, deixa....não tem nada demais...
Só porque eu tô com 48 graus de febre, tendo alucinações e vomitando?!?!"
- "Não, praga... já falei que não... sossega o rabo aí. É pro teu bem."

Mas há situações que, só depois de barbudo, fui perceber o achincalhe, a humilhação e o ridículo nos quais eu me meteria, não fosse a insistente e pertinente proibição de meus pais.
Quando fedelho, tinha uma vontade inexplicável de me vestir de múmia. Sei lá porquê.
E com ataduras mesmo, não daquelas fantasias das Lojas Americanas.
Tinha que ser uma múmia original.
Enchi tanto o saco da minha mãe, a ponto de fazê-la prometer que na volta do trabalho traria milhares de pacotes de ataduras para o meu processo de mumificação. Nem passava pela minha cabeça a magnitude do papelão que poderia fazer.
Ela trouxe mas, segundo ela, um pacotinho só, porque tinha acabado na farmácia. Fiquei muito revoltado, porque só deu pra enfaixar o braço, até perto do cotovelo, e eu queria o corpo todo.
A cara, inclusive.
Só alguns anos depois percebi o bem que ela me fez.

Também houve uma era em que tudo que mais desejava era ter um tapa olho.
Nesta feita - infelizmente -, minha aporrinhação suplantou a bondade e paciência dos meus pais que - sem mais alternativas - manufaturaram um apetrecho desses pra mim, feito com um pedaço de couro que sobrou da joelheira da calça de abrigo.
Usei bem contente pelo prédio, pelo colégio, na rua...

O resultado é que, até hoje, sou alvo de chacota por causa disso.


Mais informações, no decorrer do período...

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